Adelinda Araújo Candeias e a Sobredotação na revista INVERSO

Adelinda Araújo Candeias e a Sobredotação na revista INVERSO

Investigadora do CHRC e docente do Departamento de Ciências Médicas e da Saúde da ESDH- UÉ, Adelinda Araújo Candeias explicou à revista INVERSO a dificuldade da implementação de estratégias e políticas focadas na valorização e inclusão de indivíduos sobredotados e/ou talentosos. Apesar da abertura criada na última década à compreensão das altas capacidades e na educação e inclusão de crianças, jovens e adultos sobredotados, ainda existem dificuldades na integração plena dos mesmos.

“Vivemos numa sociedade profundamente segregadora! Excluímos as pessoas que não se ajustam a um padrão de ‘normalidade’ baseado em frequências estatísticas e numa conceção de ‘trabalho economicamente rentável’. Como psicóloga e como cidadã o que observo é que a nossa organização social está profundamente estratificada, organizada em clusters de crianças, adolescentes, adultos e velhos! Falta intergeracionalidade, sustentabilidade e inclusividade.”

A sobredotação reporta-se a uma característica ou conjunto de características que podem manifestar-se nas múltiplas áreas de capacidade e atividade humana – intelectual, motor, académico, social, artístico, mecânico e emocional, habitualmente com um desempenho acima do padrão típico esperado para a idade/grupo de referência. O desenvolvimento dessa/as características pode gerar vulnerabilidades no percurso de desenvolvimento integral, e criar obstáculos à qualidade de vida e ao bem-estar da pessoa. Ainda está bastante presente o padrão de “normalidade Gaussianna” quando nos referimos a crianças, jovens e adultos, que gera fortes barreiras ao seu desenvolvimento, por vezes à sua saúde e consequentemente à sua inclusão. Algumas destas crianças e jovens acabam por ser rotulados, como difíceis, temperamentais, hiperativos, irrequietos, perfeccionistas, inadaptados, …, podendo gerar problemas de insucesso escolar e de saúde mental. Adelinda defende que o trabalho eficaz de inclusão começa pelas instituições de ensino, onde a par com orientações políticas e sociais se promova o estímulo ao talento e às altas capacidades, ao longo da vida, desde a educação pré-escolar até ao ensino superior.

 “As instituições de ensino são o reflexo da sociedade de que fazem parte e precisam de instrumentos que propiciem a inclusão, como a formação especializada de profissionais orientada para práticas diferenciadoras que se adequem às necessidades e potencialidades dos alunos”. 

Adelinda Araújo Candeias, enquanto investigadora que tem desenvolvido a sua atividade científica no domínio da Psicologia do Desenvolvimento e da Educação, coordenadora da delegação de Évora da ANEIS: Associação Nacional para o Estudo e Intervenção na Sobredotação (https://www.aneis.org/aneis/), tem investido em projetos europeus geradores de modelos de avaliação e intervenção em desenvolvimento e bem-estar ao longo da vida, numa perspetiva inclusiva. 

“Como psicóloga e investigadora tenho orientado os meus interesses, em primeiro lugar, para a compreensão do que nos aproxima e do que nos distingue uns face aos outros - o que designamos de diferenças individuais -, em segundo lugar, para as implicações dessas diferenças na vulnerabilidade psicológica das pessoas, e, em terceiro lugar, para modelos de avaliação e intervenção inovadores e inclusivos que se adequem às caraterísticas das pessoas e promovam o seu desenvolvimento e bem-estar”.

Leia a entrevista na íntegra aqui (página 12): https://www.uevora.pt/ue-media/Revista-Inverso/Inverso5

Créditos Fotografia: INVERSO

 

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Autor

Andreia Santos

Investigadores

Adelinda Araújo Candeias