Investigadora do CHRC envolvida num projeto responsável pela descoberta de um gene importante e polimorfismo associado ao desempenho desportivo de jogadores de hóquei em patins de elite
A investigadora do CHRC e Professora de Nutrição e Dietética na FCS-UFP, Porto, Maria-Raquel Silva, colabora num projeto de investigação na área das Ciências Biomédicas liderado pelo Mestre Hugo Henrique Silva no ICBAS-UP, no IPO-Porto e na FCS-UFP. Foi publicado o primeiro artigo científico numa revista com fator de impacto, que descobriu um gene e polimorfismo importantes associados ao desempenho desportivo de jogadores de elite de hóquei em patins, que certamente terá grande interesse no planeamento do treino e na preparação física e mental destes e de outros atletas de outras modalidades desportivas, assim como, na sua saúde e prevenção de lesões.
Qual a importância da descoberta sobre o gene e polimorfismo associados ao alto Rendimento Desportivo e o que veio mudar?
No desporto, há dois estudos que associam este gene com o controlo da ansiedade dos atletas nas diversas ações na prática desportiva, mas os resultados são contraditórios e não incluem jogadores de hóquei em patins. De acordo com os resultados do nosso estudo, o polimorfismo FAAH rs324420 está associado ao desempenho desportivo de jogadores de elite de hóquei em patins. Até ao momento, este estudo é o único que conseguiu perceber que, atletas considerados de elite, portadores do alelo FAAH rs324420 A, são três vezes mais propensos a serem de alto desempenho/superatletas, e que está associado a uma maior tolerância à dor e a uma maior capacidade de lidar com o stress. Certamente que os resultados deste estudo terão grande interesse no planeamento do treino e na preparação física e mental dos atletas que constituíram a nossa amostra, bem como, de outros atletas e de outras modalidades desportivas, assim como, na sua saúde e prevenção de lesões desportivas.
Disse-me que o artigo publicado é o único do mundo. Pode falar-me um pouco mais sobre isso?
O hóquei em patins é um dos desportos mais espetaculares e complexos, pois combina uma série de habilidades técnicas, físicas, psicológicas e táticas, que enche pavilhões e merece ser estudado. Não é um desporto com elevada incidência de lesões desportivas, mas a velocidade de deslocamento dos jogadores e o contacto entre eles e com as estruturas do campo do jogo podem promovê-las. O facto de termos descoberto este polimorfismo em jogadores de hóquei em patins de elite, que está associado ao desempenho de funções neuronais relacionadas com a dor e a inflamação, é uma potencial rampa de suporte ao treino para as equipas técnicas e clínicas que trabalham com estes atletas, e eventualmente com outros, que também estamos a estudar.
Fale-me um pouco sobre a sua contribuição para este projeto.
A minha contribuição para este projeto reside desde a sua génese, isto é, desde o desenho do estudo ao seu acompanhamento das suas várias fases. A razão cimeira para o meu contributo foi a ânsia de tentar perceber como é que, para além do treino de excelência ser aquele que passa pelo domínio de disciplinas ligadas às Ciências do Desporto e às Ciências da Saúde, também as Ciências Biomédicas, nomeadamente pelo estudo genético, poderiam ter um papel crucial na preparação de atletas com vista o seu desempenho ao nível do alto rendimento? Assim, é com muito gosto que, na qualidade de investigadora do CHRC-UNL, colaboro neste projeto de investigação, que analisa a Genética (e não só) de atletas (e não apenas hóquistas), que são referências mundiais nos desportos que praticam há décadas. Continuamos a trabalhar no estudo destes e de outros atletas de outras modalidades, esperando obter resultados importantes de apoio às equipas desportivas e de investigação envolvidas no projeto, e que certamente auxiliarão à melhor saúde e desempenho dos atletas, e à evolução das próprias modalidades e do conhecimento científico nesta área com aplicação ao controlo da dor e da inflamação.
Aceda ao artigo publicado: https://doi.org/10.3390/biology11071076