“Lombalgia: Um problema de Saúde Pública Global e urgente” por Prof. Eduardo Cruz

“Lombalgia: Um problema de Saúde Pública Global e urgente” por Prof. Eduardo Cruz

A lombalgia é um sintoma e não uma doença. É um problema de saúde pública de importância crescente, pelo aumento da incidência e do grau de incapacidade provocado pelos encargos decorrentes do absentismo laboral, das despesas em meios complementares de diagnóstico, meios terapêuticos, reformas antecipadas e indemnizações por incapacidade, perdas de produtividade, entre outros. 

A prevalência de lombalgia e a incapacidade global relacionado com a lombalgia persistente (crónica) continua a aumentar, e os resultados ao nível do utente não tem vindo a melhorar. Em Portugal a carga global desta condição é superior à média estabelecida para os países com o mesmo índice sócio- demográfico (SDI), tal como definido pelo Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), sendo que entre 1990 e 2016, juntamente com a dor cervical, passou de 3ª para 1ª condição na percentagem total de “anos de vida perdidos ajustados à incapacidade (DALY’s),” com uma subida de 22.8%. O processo de cuidados de saúde tende a ser fragmentado, com muitos profissionais de saúde a fornecer informações contraditórias e intervenções de efetividade variável.

Fatores contextuais, tais como o excesso de oferta de opções de tratamento, curtos tempos de consulta, a elevada carga de trabalho, ou a, falta de formação ou confiança nos tratamentos não-farmacológicos tem sido frequentemente identificados como barreiras para a implementação da melhor evidência disponível.

Assim surgiram o projecto SPLIT e os projectos Sara e My Back (extensões do projecto SPLIT) cujos métodos estão ligados à ciência da implementação, com objectivo de promover a aceitação sistemática dos resultados da investigação na prática clínica de rotina e melhorar a qualidade e efetividade dos serviços e cuidados de saúde. Em comum os projetos utilizam um desenho híbrido para avaliar em simultâneo o impacto das intervenções em contextos reais (efetividade) e a estratégia de implementação.

O Projeto SPLIT foi desenvolvido para comparar a efetividade e o custo- efetividade de um programa inovador de avaliação e tratamento estratificado de Fisioterapia que associa tipologias específicas de tratamento a diferentes subgrupos de risco de desenvolverem dor persistente e incapacitante (crónica), com a prática clinica habitual, em indivíduos com um episódio de lombalgia que recorrem aos cuidados de saúde primários. 

O trabalho desenvolvido no ACES Arrábida foi alargado ao ACES Arco Ribeirinho e está em fase inicial de implementação no ACES Alentejo Central. Este aspeto é demonstrativo do potencial real de transferência dos resultados do projeto na implementação de práticas inovadoras, ao nível dos cuidados de saúde primários.

O Projecto SPLIT estende-se a outros projectos como SARA (SPLIT Application for Remote Reabilitation) e Projeto MyBack, sendo o Professor Eduardo Cruz responsável por ambos. SARA é uma cocriação de um serviço de telereabilitação para avaliação e tratamento da lombalgia: Prova de Conceito. O Projeto MyBack tem como objectivo a efetividade e implementação de um programa de autogestão personalizado para prevenir recorrências e incapacidade e promover a saúde músculo-esquelética em utentes com lombalgia.

Este foi um projeto promovido pela Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal, em parceria com a Nova Medical School/ Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa e Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, através do Agrupamento de Centros de Saúde da Arrábida.

Este projecto conta com o contributo dos investigadores integrados do CHRC, Eduardo Cruz (Investigador Principal, ESS/IPS; CHRC), Rita Fernandes (ESS/IPS; CHRC), Ana Rodrigues (NOVA NMS/FCM; CHRC), Helena Canhão (NOVA NMS/FCM; CHRC), Jaime Branco (NOVA NMS/FCM; CHRC), Rute Sousa (NOVA NMS/FCM; CHRC), Fernando Pimentel-Santos (NOVA NMS/FCM; CHRC). 

Saiba mais em https://split.ips.pt/

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Autor

Eduardo B. Cruz